quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Transações e a camada de controle

Este post faz parte de uma série sobre Spring, JPA e JSF. Caso algum assunto abordado aqui não esteja claro, consulte este link: Spring + JPA.

Como foi mostrado nos dois posts anteriores, Temos um pacote entidades onde serão descritas as tabelas do banco de dados e um pacote dao, onde estão as classes que fazem o acesso aos dados do banco, por meio de JPA+Hibernate. Esses dois pacotes formam uma camada que frequentemente é chamada de camada de Modelo (o M do MVC).

Manter essa camada separada das demais facilita a mudança de uma tecnologia para outra. Por exemplo, suponhamos que o desenvolvedor precisar mudar de Hibernate para EclipseLink. Somente essa camada precisará ser alterada, além de algumas bibliotecas e configurações do Spring, sem afetar o restante do sistema.

Da mesma maneira, uma camada de Controle (o C do MVC) onde as transações são configuradas, deve ser implementada separadamente das outras camadas, para que se possa jogar para ela toda essa responsabilidade. A camada de controle muitas vezes é citada como camada de serviço, por isso as denominações "service" que acrescentaremos a seguir.

Vamos ao código de uma classe abstrata que vai direcionar como os métodos DAO da camada de modelo devem ser controlados:

package service;

import dao.InterfaceDAO;
import java.io.Serializable;
import java.util.List;
import org.springframework.transaction.annotation.Propagation;
import org.springframework.transaction.annotation.Transactional;

@Transactional(propagation = Propagation.REQUIRED, readOnly = false)
public abstract class AbstractService<T> {

    protected InterfaceDAO<T> dao;

    public void setDao(InterfaceDAO<T> dao) {
        this.dao = dao;
    }

    public void salvar(T entity) {
        dao.salvar(entity);
    }

    public void salvarLista(List<T> lista) {
        dao.salvarLista(lista);
    }

    @Transactional(propagation = Propagation.SUPPORTS, readOnly = true)
    public T carregar(Class classe, Serializable chave) {
        return dao.carregar(classe, chave);
    }

    @Transactional(propagation = Propagation.SUPPORTS, readOnly = true)
    public List<T> listar(Class classe) {
        return dao.listar(classe);
    }


    @Transactional(propagation = Propagation.SUPPORTS, readOnly = true)
    public List<T> consultaPersonalizada(String consulta) {
        return dao.consultaPersonalizada(consulta);
    }

    @Transactional(propagation = Propagation.SUPPORTS, readOnly = true)
    public List<T> consultaNativa(String consulta) {
        return dao.consultaNativa(consulta);
    }
}

Foi criado um pacote chamado service e uma classe chamada AbstractService. Nela está centralizado todo o controle das transações que ocorrerão. É óbvio que isso só funciona se todas as operações relativas ao CRUD das entidades passar por essa camada.

Atenção para as linhas 9 e 26. Na linha 9 determinamos que todos os métodos descritos na classe exigirão uma transação, a menos que outra anotação interna determine outra configuração. Já na linha 26, estamos dizendo que o método carregar, em particular, suporta a utilização de uma transação já em andamento, mas não precisa de uma transação para ser utilizado. Não vou entrar em detalhes sobre esse assunto, mas a documentação do Spring explica muito bem essas anotações.

As outras linhas com anotações semelhantes servem para o mesmo propósito. Dessa maneira, nenhuma outra parte do sistema deve abordar controle de transações. Essa classe é a única responsável por essa tarefa, e deve interceptar todas as operações de CRUD.

Em seguida, no mesmo pacote service, criamos uma classe GenericService (agora concreta) para disponibilizar esse serviço, já que a classe abstrata não pode ser instanciada:

package service;

import dao.InterfaceDAO;
import org.springframework.beans.factory.annotation.Value;
import org.springframework.stereotype.Service;

@Service("genericService")
public class GenericService extends AbstractService {

    @Override
    @Value("#{genericDAO}")
    public void setDao(InterfaceDAO dao) {
        this.dao = dao;
    }

}

Esta classe é bastante simples, e tem poucas coisas relevantes para se comentar. Ela utiliza uma injeção de dependência na linha 11, trazendo ao atributo chamado de dao (que foi herdado de AbstractService - linha 12) o objeto genericDAO (identificador reconhecido pelo Spring - confira a linha 11 da classe no post anterior). Podemos notar também que há uma anotação na linha 7, nomeando essa classe no contexto (do mesmo modo que foi feito na classe GenericDAO) para que o Spring possa injetar uma instância dessa classe em outra camada, como veremos no próximo post.

Essa construção possibilita que a camada seguinte dependa apenas da classe GenericService. Qualquer mudança no contexto transacional será feita na classe abstrata, sem atingir o restante das classes da aplicação!

Uma observação a respeito da injeção de dependências: se o atributo dao e o identificador genericDAO tiverem uma correspondência única, ou seja, se houver apenas um objeto no contexto do Spring do tipo AbstractDAO, podemos utilizar uma abordagem com anotação @Autowired, e basta definir um atributo com os mesmos nome e tipo da classe desejada, anotá-lo com @Autowired e declarar seus get e set. Essas variações dependem do objetivo da classe - uma classe que vai manipular vários componentes do contexto do Spring que tenham o mesmo tipo mas nomes de classe diferentes, pode ser implementada para trabalhar strings, obter em tempo de execução o nome da classe e instanciá-la. Nesse caso, utiliza-se @value referenciando uma EL com o nome da classe, como foi feito aqui. Mas se os objetos forem únicos, pode-se utilizar apenas a abordagem com @Autowired. Já foi utilizada uma abordagem dessas quando foi implementada a classe GenericDAO, com o atributo jpaTemplate (Como criar uma camada DAO).

No próximo post, a camada de Visão.

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